O que é uma imagem dissidente, ou melhor, quem define a dissidência, a quem ela se dirige e o que ela implica? Nas sociedades de máxima vigilância e de extrema visibilidade, qual o lugar da pornografia como ferramenta estética, de prazer ou de contestação? De que modos as visualidades engendram representações da clausura ou são tomadas e devolvidas aspirando à liberdade? Somos seres imagéticos, a procura de singularidades e ao mesmo tempo sentidos coletivos para habitar o mundo fraturado: “a imagem visual também produz poder, donde a importância de entender o movimento do poder nas tecnologias do olho – artes visuais como a pintura e a escultura, prática do cinema e dança, e os efeitos visuais das tecnologias da comunicação (BRAH, p. 373)”. A assertiva citação de Brah ressalta o “problema da imagem” ou a inseparabilidade da estética e política. O que nos leva a máxima de Nicholas Mirzoeff, teórico da Cultua Visual, ao ressaltar que a imagem e a visualidade não fazem parte da vida cotidiana, elas são a vida cotidiana. Logo, estamos diante de problemas epistêmicos, éticos e estéticos no campo das experiências, das identidades e das sofisticadas reiterações do colonialismo, que atravessou territórios, corpos, nervos ópticos e no invisível desejo. Se buscamos imagens perdidas, fraturadas, soterradas, necessitamos de um programa ético-político capaz de romper com a violência do pensamento moderno (Denise Ferreira da Silva, 2016). Deste modo, o grupo de trabalho deseja articular pesquisas em torno da imagem, das ecologias das mídias, das artes visuais, do cinema, das artes da cena e da vida. Encorajamos a participação de trabalhos que apostam na reparação, na tomada do corpo como um repositório da memória e do trauma, mas que instaura o movimento da reparação, da reescrita das narrativas e das disputas de sentidos sobre existências não-normativas.